um diário dos dias inúteis
23
Fev 12
publicado por desempregado freelancer, às 10:30link do post | comentar | ver comentários (8)

O nome da actividade é estupidamente redundante: a procura é necessariamente activa. Não existe procura passiva. Mas, como tudo o que se relaciona com o desemprego se reveste de um carácter surreal, alinhemos na chalaça.

Por procura activa de emprego entende-se a obrigatoriedade de guardar registos de pedido de emprego, em número de três mensais, segundo me explicou o senhor do IEFP na altura em que "meti os papeis". Segundo esse senhor, a coisa funciona mais ou menos assim: qualquer carta enviada ou resposta a anúncio anúncio que façamos deve ser religiosamente guardada, pois nunca se sabe quando iremos receber ordens para provar que andamos à procura de emprego. Ainda segundo o mesmo senhor, caso não tenhamos anúncios respondidos ou cartas enviadas, bastará utilizar um formulário que me entregou, e passar, por exemplo, num café ou numa loja, para que o proprietário ou o gerente carimbem o referido documento, garantindo assim que procuramos emprego activamente, mas que não tivemos sorte. A procura activa de emprego, segundo o IEFP, não se relaciona efectivamente com a tentativa de arranjar trabalho. É apenas um pro forma.

Quero com isto dizer que, tal como as restantes medidas relacionadas com os desempregados, esta é uma boa anedota. Eu tenho a minha caixa de e-mail recheada com centenas de respostas a anúncios, candidaturas espontâneas e solicitações de entrevista. Estão lá, e vão acumulando. Nunca ninguém me pediu nada. Em contrapartida, conheço uma pessoa que está com problemas pois uma das candidaturas que apresentou passou para o mês seguinte, tendo um dos meses apenas duas candidaturas registadas.

 

 

Por fim, uma coisa importante: de cada vez que alguém aparece na loja, por exemplo, do Senhor Choramingas, é visto como o Senhor Choramingas vê os que por lá passam: mais um que anda a viver às custas do povo pagante de impostos, e que o que quer é andar ao alto, de carimbo em carimbo, de subsídio em subsídio.

Vai daí que, se perguntarmos a uma destas pessoas que carimbam formulários a desempregados e revelam o nojo que por eles têm nos blogs, o que fazem para acabar com o problema, certamente responderão que já ofereceram emprego a uns quantos, e que eles não quiseram trabalhar. O problema que os Senhores Choramingas não entendem é que as pessoas que procuram emprego, procuram a oportunidade de trabalho digno e pago de forma justa, e não uma qualquer forma de exploração que "aceitamos se quisermos".

A realidade é que os empregos oferecidos pelos Choramingas deste mundo acabam por pagar menos do que o Instituto de Segurança Social, e dar mais despesa. O que o Senhor Choramingas tem que fazer é investir em formação e aceitar uns quantos "formandos" patrocinados pelo Estado e, assim, aderir à nova forma de escravatura institucionalizada, paga pelo erário público, que já pagava pouco a tantos.

 

(Ao Senhor Choramingas deste blog aconselharia ainda a não usar a Internet que o Estado paga - e, por conseguinte, nós - para vir abandalhar um blog que se quer minimamente consistente. Ou não tem internet na loja?)


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